segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Somos todos diferentes.

Mauricio vai completar 5 anos daqui um mês e já faz alguns meses que ele me faz o seguintes questionamentos:

Mãe por que tem gente que anda de cadeiras de rodas?

Por que tem gente que não enxerga, que não fala, que não ouve?

Por que um anão é anão?

Por que aquela mulher tem voz de homem?

Por que aquele homem está vestido de mulher (no caso de um travesti)?

E eu pareço um alvo no meio de um tiroteio, muitas vezes não sei o que responder, faço rodeios, mudo de assunto.

Certo dia ele me disse:

Mãe, minha amiga é muito bagunceira, ela joga comida pra cima quando come e fica me agarrando. (se referia a sua amiga de classe com síndrome de down).

Eu disse: Filho, ela é mais nova que você. (fugindo do assunto)
Não mãe, ela tem 5 anos.

Enrolei, enrolei e não contei sobre o que é a síndrome de down, achei muito cedo, fiquei com medo que ele não entendesse a a excluísse por ser diferente.

Outro dia ele viu um travesti na televisão, muito feminino, cabelos longos e loiros, bem maquiado e com nome de mulher, eu mesma estava convencida de ver uma mulher na televisão quando Mauricio me perguntou:

Mãe, porque esse homem está vestido de mulher?

Ele tinha 4 anos e meio e eu achei muito cedo para explicar que algumas pessoas nascem assim, ou optam por ser assim, ou qualquer outro discurso politicamente correto. Escolhi ir por um caminho que os psicólogos me matariam:

Filho, é uma mulher!
Ele me olhou incrédulo e eu emendei:
Por que você acha que é um homem? Ela se chama Ivana! (No programa repetiam o nome da Ivana a todo momento).
Ele me disse: Hummm, ela é estranha, parece um homem vestido de mulher.

Mudei de assunto.

Alguns meses depois, ele olha a Maria Gadu cantando na TV e me questiona:

É menino ou menina?
Eu sem pestanejar: Menina.
Mas por que ela tem voz grossa e um jeito de menino?
Eu: Porque ela é assim, existem várias mulheres como ela, com voz grossa e que gostam de se vestir assim, existem também vários homens com a voz fina.

Somos todos diferentes filho.
É mesmo né mãe, somos todos diferentes, igual a minha amiga (citou a amiga com síndrome de down). Nós somos diferentes e não tem problema nenhum né mãe?

Quando eu poderia saber, que ao invés de ter que explicar algo tão sensível, ele que me daria a resposta, mais simples do que um dia, eu poderia adivinhar.

Assunto encerrado.